Foste roubado? 6.€830/ano na mudança
Há tempos, um leitor contou-me algo; fui controlar. Há em Portugal um cartel entre empresas das mudanças. Os governos sabem e nada fazem.
Antigamente, em cada região havia umas 6 a 8 empresas especializadas, algumas com trabalhos em todo o País. Continuam, mas é só uma pessoa quem decide os preços. P. ex., no Algarve há duas com nomes estrangeiros, uma cujo nome cita o Algarve, etc. São 6, com diferentes telefones de contacto, moradas, etc. Mas quando queres entrar em detalhes técnicos é só um senhor quem decide.
Algumas têm uma viatura média ou grande em frente aos parkings das grandes empresas de materiais de construção. Pois em geral são os que estão a fazer obras ou comprar mobiliário de cozinha que irão mudar em breve.
Quando é uma mudança muito grande, querem sempre enviar alguém para avaliar o custo, sem dar a ideia de preço. Quando é algo menor, o preço por hora pode variar algo, mas às vezes é sem IVA ou sem a taxa de retorno, o que significa que no final os preços das várias empresas acaba por ser praticamente o mesmo. E as condições são muito parecidas para refletirem real concorrência.
No teste que fiz para uma pequena mudança, o valor seria em torno de J 500. Pois o condutor não ajuda a trazer os móveis e as caixas. Para uma normal seriam uns 1,1 mil. Ao contactar uma empresa que tem uma carrinha similar à usada neste transporte, mas faz outras atividades, ela realizou a mudança pequena por J 110, em vez de J 500. A grande sairia por J 250. O condutor naturalmente ajudou a carregar, necessitando apenas de um ajudante. A diferença nesta é de J 830.
Há muitos outros cartéis em Portugal em serviços e peças para reparos. P. ex, se uma peça se estraga na tua máquina de lavar roupa, tens um telefone na lista local. Mas, independentemente de onde estejas no País, e do número que digites, vais chegar a uma central na grande Lisboa, que então distribui o serviço para algum técnico perto de ti. O cartel fica com a metade do que tu pagas.
As peças ditas originais são compradas ao cartel ibérico de peças para estes equipamentos. Têm a garantia de 2 anos, mas voltam a avariar depois de 3 a 4 anos, pois muitas vezes não são realmente originais. A fábrica da tua máquina encomenda a peça de outra fábrica,
especializada naquele tipo de produção. As peças perfeitas vão para a montadora da tua máquina. As menos perfeitas vão para a rede oficial da marca. E as defeituosas, mas que funcionam alguns anos, vão para estes cartéis.
Um dos diretores de uma dessas marcas confessou que o bom lucro não está em vender electrodomésticos novos, mas sim nas peças sobressalentes.
Este é o mundo real da chamada livre concorrência, onde dominam os cartéis e onde de livre só tem a publicidade, que faz os jornais nada escreverem sobre estes cartéis.
YES, YOU CAN! Publique o seu caso nas “Cartas dos Leitores” nos jornais nacionais.
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