A Família Empresária e o debate das disrupções no Negócio;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
A Família Empresária e o debate das disrupções no Negócio
As famílias empresárias possuem no seu dna a inquietude e a vontade de criar coisas diferentes. Ao possuírem uma visão de longo prazo e enorme vontade em assegurar o sucesso e a continuidade do negócio ao longo das gerações, é natural que desejem participar nos processos de evolução.
Quer se prevejam adaptações incrementais ou, no seu limite, disruptivas, é natural, em especial nestas últimas, que a família empresária deseje participar nos debates que formulem as estratégias e táticas a adotar.
O estudo “Empresas familiares da próxima geração: Liderando um negócio familiar num ambiente disruptivo”, da Deloitte, questionou os participantes se as suas famílias participavam nos debates que envolvessem disrupções no negócio.
Cerca de três em cada quatro assumiram essa realidade e que esse debate se realizam com muita frequência:
  • 49% entre mensal e quadrimestral;
  • 36% diária ou semanalmente.
Esta significativa e recorrente participação reflete o efeito do gene da continuidade da família empresária, pelo que é relevante criar-se mecanismos para o seu envolvimento nos processos de disrupção dos negócios que controlam ou desejam participar no futuro.

A Soguima é uma empresa fundada pelos irmãos e António e Manuel Guimarães, especializada na transformação e comercialização de produtos de pesca.
Tendo iniciado a sua atividade com o tradicional bacalhau, rapidamente passou a transformar e a apresentar o mesmo na versão ultracongelado e segundo os gostos e necessidades dos clientes:
  • postas, postinhas, lombos, …
  • sobremesas: petit gateau e pastéis de nata;
  • pré-cozinhados: bolinhos de bacalhau, pataniscas, rissóis, croquetes, …  
  • pré-cozinhados vegan: folhados e rissóis de tofu, …
A experiência e aprofundado conhecimento do negócio levou a empresa a tirar partido de subprodutos, passando a criar crocodilos em Moçambique para aproveitamento de peles para os mercados da moda e a desenvolver um novo e inovador produto: pele dos peixes para forrar móveis, calçado, roupa, etc.
A estratégia e implementação de algumas das inovações tem tido uma enorme participação e envolvimento da geração mais nova (nomeadamente dos primos Daniel e Emanuel), sendo que algumas das evidências não aparecem diretamente associadas à empresa, podendo ter origem em investimentos mais associados à família empresária.
Foi criada a marca a Lufie London - a primeira marca nacional de artigos de luxo, feitos exclusivamente em pele de crocodilo - sediada em Londres e que se lançou este ano na Vendôme Luxury Exhibition, reputada feira de produtos de luxo em Paris. A seleção das peles de crocodilo é feita na produção própria e depois enviadas para Itália onde são curtidas, acabadas e transformadas em malas de luxo pelos melhores artesãos.
A aposta de sempre nos produtos ultracongelados até à entrada no mercado dos produtos de luxo, certamente que não foi fruto do acaso e deve ter sido bem ponderada pela família Guimarães.


Temas para reflexão:
  • A Inovação no negócio é um assunto exclusivo da Gestão ou Sócios da empresa?
  • A Família deve debater inovações disruptivas e potenciais impactos na Empresa Familiar?
  • Quem da família dever ser envolvido nos debates e com que periodicidades?

António Nogueira da Costa

Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
pt.linkedin.com/in/antonionogueiradacosta/
http://www.facebook.com/ajncosta
@empresasfamiliaresdesucesso
 
 Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
http://www.efconsulting.pt
 
 
 

António Nogueira da Costa, Consultor Empresas Familiares (www.efconsulting.pt e antonio.costa@efconsulting.pt), 20/09/2018
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