Fala-se muito em democracia económica e equidade de oportunidades. Fala-se ainda de Governação. Políticos usam esta palavra com o mesmo objetivo: simplificar a aprovação de projetos de lei e práticas legais que permitam impor as propostas dos seus governos. Ora, isto assemelha-se muito à ditadura ou oligarquia (reinado imposto por uns poucos). Na UE existe algo que se assemelha à oligarquia, mas, para dar a impressão de que é apenas informação, chama-se lóbi. Este é exercido por fortes corporações ou por associações patronais, e, muitas vezes, por escritórios de relações públicas, quando é do interesse de uma só ou de poucas empresas. Estes atuam junto aos formadores de opinião, como políticos, jornalistas e colunistas. Já os escritórios de advocacia de políticos, ex-políticos, ou parentes próximos destes, atuam nos ministérios, influenciando a redação de propostas de lei, decretos ou normas que as detalham e regulam. Há ainda algumas consultoras que trabalham para os governos e detalham leis para práticas - aquilo que realmente será feito pelo burocrata. E, outras, de informática, que fazem das boas intenções dos governantes software administrativo, que facilita ou dificulta a prática da lei, consoante o desejo de outros clientes, privados, bem pagantes.
Esta democracia representativa está cada vez mais longe do conceito grego de governo pelo cidadão (não por deputados) nos ágoras, assembleias em cada município, onde todos os homens livres tinham liberdade de expressar as suas reflexões sobre os temas vitais para a comunidade, onde cada cidadão votava diretamente nas leis e decretos que a iriam governar. A própria palavra governar, que significava ser responsável pelos vários setores de um Estado, confunde-se hoje com o poder do melhor orador no Conselho de Ministros em convencer os mais influentes ali a permitir a aprovação de uma proposta de lei, contra a promessa intrínseca, raramente verbalizada, de depois calar-se ou aprovar a proposta desse seu colega.
A máquina para eleger um deputado à Assembleia da República custa uns J 250 mil por eleito nos países pequenos, e pode chegar a meio milhão nos grandes. Eles e os seus partidos precisam do apoio dos lóbis, e assim os representantes, com poucas exceções, representam o interesse dos lóbis mais do que o dos seus eleitores.
Uma vez, nos EUA, fui a um jantar num clube de profissionais, com a presença de um congressista. A ele deram uns cinco minutos para falar, enquanto cada sócio que se tinha se inscrito antes teve 4 a 5 min. No final, o presidente resumiu para o congressista aquilo que ele deveria defender, como eleito por aquele grupo, lá em Washington.
Esta representação dos constituintes implica que não pode existir fidelização de voto, implica diferentes opiniões dentro do partido e do hemiciclo, o que contrasta com o conceito de boa governação, mas é fiel ao conceito de “demos-cracia”, governação pelo povo, neste caso pelos que representam os seus eleitores.
Nas próximas semanas, a VE publica excertos de um livro com este título, com oito autores de quatro países. São análises profundas com cenários baseados em investigações feitas em muitos países. Eis a página Governação.
Fala-se muito em democracia económica e equidade de oportunidades. Fala-se ainda de Governação. Políticos usam esta palavra com o mesmo objetivo: simplificar a aprovação de projetos de lei e práticas legais que permitam impor as propostas dos seus governos. Ora, isto assemelha-se muito à ditadura ou oligarquia (reinado imposto por uns poucos). Na UE existe algo que se assemelha à oligarquia, mas, para dar a impressão de que é apenas informação, chama-se lóbi. Este é exercido por fortes corporações ou por associações patronais, e, muitas vezes, por escritórios de relações públicas, quando é do interesse de uma só ou de poucas empresas. Estes atuam junto aos formadores de opinião, como políticos, jornalistas e colunistas. Já os escritórios de advocacia de políticos, ex-políticos, ou parentes próximos destes, atuam nos ministérios, influenciando a redação de propostas de lei, decretos ou normas que as detalham e regulam. Há ainda algumas consultoras que trabalham para os governos e detalham leis para práticas - aquilo que realmente será feito pelo burocrata. E, outras, de informática, que fazem das boas intenções dos governantes software administrativo, que facilita ou dificulta a prática da lei, consoante o desejo de outros clientes, privados, bem pagantes.
Esta democracia representativa está cada vez mais longe do conceito grego de governo pelo cidadão (não por deputados) nos ágoras, assembleias em cada município, onde todos os homens livres tinham liberdade de expressar as suas reflexões sobre os temas vitais para a comunidade, onde cada cidadão votava diretamente nas leis e decretos que a iriam governar. A própria palavra governar, que significava ser responsável pelos vários setores de um Estado, confunde-se hoje com o poder do melhor orador no Conselho de Ministros em convencer os mais influentes ali a permitir a aprovação de uma proposta de lei, contra a promessa intrínseca, raramente verbalizada, de depois calar-se ou aprovar a proposta desse seu colega.
A máquina para eleger um deputado à Assembleia da República custa uns J 250 mil por eleito nos países pequenos, e pode chegar a meio milhão nos grandes. Eles e os seus partidos precisam do apoio dos lóbis, e assim os representantes, com poucas exceções, representam o interesse dos lóbis mais do que o dos seus eleitores.
Uma vez, nos EUA, fui a um jantar num clube de profissionais, com a presença de um congressista. A ele deram uns cinco minutos para falar, enquanto cada sócio que se tinha se inscrito antes teve 4 a 5 min. No final, o presidente resumiu para o congressista aquilo que ele deveria defender, como eleito por aquele grupo, lá em Washington.
Esta representação dos constituintes implica que não pode existir fidelização de voto, implica diferentes opiniões dentro do partido e do hemiciclo, o que contrasta com o conceito de boa governação, mas é fiel ao conceito de “demos-cracia”, governação pelo povo, neste caso pelos que representam os seus eleitores.