Podemos aprender e prosperar com a África do Sul
João Rebelo Martins corre nas 9 Horas de Kyalami, que decorrerá nos próximos dias 29 e 30 de Novembro na África do Sul. Após ter ganho as 5 Horas de Port Elizabeth e as 4 Horas de Kyalami. Faltam disputar duas corridas e “o campeonato está em aberto”, afirma o consultor nas áreas de marketing e comunicação e piloto de automóveis.
Vida Económica - Como surgiu este projeto desportivo na África do Sul?
João Rebelo Martins - Além da minha carreira de mais de 20 anos no desporto motorizado, sou consultor de empresa em houve uma altura, na Loba, que decidimos abrir escritório em Moçambique. Estávamos em 2011 e tive a sorte de ter conhecido, nessa altura, um grupo de empresários moçambicanos que, além de tudo, são apaixonados e estão profundamente envolvidos com o desporto motorizado em Moçambique. em 2013 deixei de ir a Maputo mas a amizade e o respeito desportivo ficou e quando em 2023 a equipa Korridas necessitou de um terceiro piloto para competir nas 9 Horas de Kyalami, convidaram-me. Gostaram do meu trabalho na pista e fora de pista e, por isso, surgiu o convite para competir em todo o campeonato de 2024.
O início do campeonato não foi de acordo com as expectativas mas ganhámos as 5 Horas de Port Elizabeth e as 4 Horas de Kyalami. Faltam disputar duas corridas e o campeonato está em aberto.
VE - Qual é o investimento e retomo esperado?
JRM - O investimento é feito por empresas moçambicanas, com forte implementação em Moçambique e na África do Sul. Também tenho os meus patrocinadores pessoais, de empresas portuguesas que têm interesse no mercado sul africano, presentes no meu fato e capacete, além da decoração das boxes e todo o trabalho em social media. O retorno mediático é enorme porque a África do Sul é um grande mercado de consumo, as provas são transmitidas por cabo e em streaming e os sul africanos são apaixonados por motorsport. Aqui em Portugal a imprensa portuguesa está atenta aos meus resultados e o retorno também é muito bom, trazendo mediatismo e reconhecimento ao projecto.
VE - Pelo facto de haver uma comunidade portuguesa importante na África do Sul existe a oportunidade de aumentar as trocas comerciais e os investimentos entre os dois países?
JRM - A comunidade portuguesa na África do Sul é a maior comunidade estrangeira. Está fortemente implementada, é reconhecida por todos, é bastante patriótica e isso possibilita ainda mais as trocas comerciais. A South African Portuguese Chamber of Commerce faz um grande trabalho na promoção e na captação de oportunidades para empresas portuguesas que se queiram fixar no país. Por isso, tudo ajuda. Fernando Pessoa tem um texto que se chama “A evolução do comércio”, que costumo dar aos meus alunos para interpretarem. O que é dito no texto é que o comércio é relacionamento e é através da actividade comercial que podemos ter um desenvolvimento cultural. Nos lá já temos o relacionamento e a cultura, por isso a porta está aberta para haver negócios.
VE - A África do Sul continua a crescer na indústria automóvel? Deve ser encarada como um concorrente ou um parceiro do nosso país?
JRM - A África do Sul é um parceiro de Portugal a todos os níveis. Na indústria automóvel temos várias empresas portuguesas presentes no território, para apoiar as fábricas de automóveis que estão há décadas a produzir para grande parte do continente africano. A Salvador Caetano está a implementar-se através da comercialização de marcas automóveis. Se formos para o sector agrícula e vinícula, também encontramos várias empresas portuguesas . Depois há todos os negócios dos nossos emigrantes e luso descendentes, que mantém viva a diáspora. Por isso, independentemente da área de negócio, devemos olhar para este país como um parceiro, como um país onde podemos aprender e prosperar.
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