Competências de um líder: colaboração e influência pessoal

Reflexões sobre Empresas Familiares

Não pretendendo entrar na análise de muitos conceitos associados à liderança, pretendo focar a minha perspetiva nas que considero serem duas das principais caraterísticas de um líder: acreditar num sonho e a capacidade de mobilizar recursos, em especial pessoas, para a sua concretização.

Para assegurar o nascimento e continuidade das empresas familiares, esta postura tem de estar sempre presente:

Na nascimento: ao acreditar que a sua ideia merece ser colocada à prova;
No desenvolvimento: ao investir na sua dedicação e conseguir captar pessoas que acreditem no seu projeto;
Na “velocidade de cruzeiro”: ao adaptar a sua visão à realidade mutante e conseguindo manter a equipa focada na mesma meta e com o mesmo espírito de dedicação
No período de transição de liderança: ao criar um ambiente que permita a coexistência “do seu sonho” com “o sonho dos sucessores”
Na fase pós-sucessão: ao direcionar a sua energia de desenvolvimento de sonhos para outras iniciativas que não a empresa.

Ser líder não é tarefa fácil e, muitas das vezes, implica assumir uma posição solitária e com as inerentes cargas de responsabilidade; contudo, também é gratificante ao sentir que com a sua influência e colaboração consegue tornar “sonhos impossíveis” em realidades bem palpáveis.

Em fevereiro de 1938, em Tuías, Marco de Canaveses, nasce Belmiro de Azevedo, sendo o primeiro dos oito filhos de Manuel (carpinteiro e agricultor) e Adelina (costureira). Na escola primária foi aluno do professor Carlos Andrade, uma das pessoas que mais o influenciaram na sua formação (“que exigia muito trabalho, muito rigor, muita disciplina e não tolerava o erro”) e quem convenceu os seus pais para que ele prosseguisse os estudos. Foi para o Porto, onde frequentou o liceu Alexandre Herculano e a Faculdade de Engenharia, onde se licenciou em Engenharia Química Industrial.

Antes de terminar o curso (14 anos) começou a trabalhar na empresa têxtil Efanor e, em 1967, assume a função de Administrador Delegado da Sonae. Após este início, a sua carreira confunde-se com a do grupo Sonae que, em 2014, se caraterizava por um volume de negócios de quase 5000 milhões, mais de 40 000 colaboradores, presença em 67 países e 2105 instituições apoiadas.

Em paralelo com a atividade empresarial surge, em 1991, a Fundação Belmiro de Azevedo com o fim de desenvolver a política de mecenato da empresa nas áreas da solidariedade, cultura e educação - em 2008, nas antigas instalações fabris onde iniciou a sua principal carreira profissional, surge o Colégio Efanor.

Para além da influência que exerce no grupo e fundação, Belmiro assume a presidência do Conselho de Administração da Porto Business School; é membro do European Advisory Board da Harvard Business School, do International Advisory Board da Allianz AG e do WBCSD – Order of Outstanding Contributors to Sustainable Development.

O seu perfil oficial refere ainda que “ … para além da inteligência, frontalidade e espírito empreendedor, Belmiro de Azevedo é reconhecido também pela sua frugalidade e eficiência, pelo seu sentido de ética, pelo incentivo à inovação constante e pela independência do poder político, valores que cultiva pessoalmente e que estende a toda a cultura do Grupo.”

Temas para reflexão:

• Em que áreas da empresa é que eu sou mais influente?

• Qual a minha participação nos meios onde estou inserido?

• Onde e como poderei colaborar para o desenvolvimento de um contexto mais favorável?

António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
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