O empresário familiar é autoritário;

Reflexões sobre Empresas Familiares
O empresário familiar é autoritário
O exemplo de António Champalimaud

No artigo anterior percepcionou-se a questão do individualismo do empresário familiar, o que, de certa forma, aparece muito ligado ao carácter autoritário que também foi amplamente apontado pelo inquérito da Edelman.

Ao tomar decisões e desejar que os resultados sejam os que intimamente espera num determinado prazo, que na maioria das vezes não são do conhecimento das pessoas diretamente implicadas, é natural que se identifique uma certa dose de autoritarismo - “decidi, está decidido, agora toca a fazer”.
Em empresas com uma liderança centralizada numa única pessoa, é mais natural e aceite que tal aconteça. Contudo, em entidades de trabalho em equipa, ou em que exista a necessidade colaborativa de outras pessoas, esta posição pode originar situações prejudiciais para todos.

Uma delas, que se vê inúmeras vezes, é que climas como este levam as pessoas a executarem ações sem pensar ou sem aspeto crítico, independentemente de vislumbrarem que poderá ser nocivo, bem como a justificar atitudes ou resultados que, no fundo, não eram os pretendidos.
Encontrar um equilíbrio entre decisão e ação, execução e responsabilização é uma função relevante e impactante que deve bem ponderada por qualquer empresário.

 

António Champalimaud (1918-2004) foi um grande empresário, industrial e banqueiro.
Co
m a morte de seu pai, aos 19 anos, dedicou-se aos negócios. Contrariou a família, que pretendia vender a empresa de construções tecnicamente falida, assumindo a sua liderança com o objetivo de a reerguer.

Alargou as suas áreas de intervenção ao imobiliário e à exportação de vinhos. A herança da Empresa de Cimentos de Leiria levou-o a expandir-se para Moçambique. A exploração exclusiva do ferro e aço, centralizada na Siderurgia Nacional, forma um grande grupo industrial. A sua visão e capacidade rapidamente levam-no a investir na área dos seguros e da banca.
A nacionalização pós-25 de abril levou-o ao Brasil, onde, com a sua incrível capacidade e relacionamentos, reergueu o seu património. No início da década de 90 regressa em força, e não só recupera um grande parte do seu grupo como alarga o seu domínio à área financeira, que anos mais tarde venderia ao grupo Santander de Emílio Botín.
No seu testamento deixou um legado de 500 milhões de euros para a criação da primeira fundação nacional dedicada à investigação científica na área da biomedicina, batizada com o nome de seus pais.
“Sou autoritário. E relativamente afável. Não tenho é tempo.” (www.rtp.pt – Os grandes portugueses)

 

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