Última oportunidade;

Última oportunidade
O PRR, Plano de Recuperação e Resiliência, já mereceu luz verde de Bruxelas e, utilizando as palavras do Primeiro-Ministro António Costa, já podemos ir ao banco.
Ir ao banco é uma velha prática portuguesa, das pessoas, das famílias, das empresas. Não é um mal em si mesmo. Os bancos existem para fornecer crédito, esse é o seu principal ramo de atividade.
O problema é que temos utilizado mal esse crédito. Todos temos utilizado mal o dinheiro que os bancos nos têm disponibilizado. Pessoas, famílias, empresas e governos.
Muito já se escreveu sobre essa piada de António Costa, em jeito de pergunta para Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia: “Já posso ir ao banco?”, perguntou António Costa.
O Primeiro-Ministro, devemos dizê-lo, perguntava por todos os portugueses. É uma cultura instalada. Uma cultura portuguesa. Nos últimos dias, vários artigos chamavam a atenção sobre os rios de dinheiro europeu que recebemos de Bruxelas desde 1986.
O problema é que esse dinheiro para pouco ou nada serviu. Não convergimos com a Europa, estamos, aliás, cada vez mais distantes, mais na cauda da União Europeia.
Estamos a ser ultrapassados por todos. E estamos a endividar-nos cada vez mais. Esse é o problema. Do Estado, das famílias, das empresas portuguesas. É preciso saber utilizar bem o dinheiro que vamos buscar aos bancos ou a Bruxelas.
Para isso é preciso uma cultura de rigor, disciplina, risco, resiliência. Falta-nos esse lado, essa faceta, essa cultura. As famílias, as pessoas, as empresas, o Estado estão falidos.
Julgamos sempre que o dinheiro que é colocado à nossa disposição é grátis, mas não há almoços grátis. Nunca houve, não vai haver. Portugal tem de saber aprender com os erros.
O dinheiro que agora vai chegar de Bruxelas é talvez a nossa última oportunidade. Não sei se vamos conseguir aproveitá-la. Quero acreditar, mas sou um homem de fé!


José Martino, 24/06/2021
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