Uma viagem ao mundo da Fórmula E
O convite da Jaguar TCS Racing era desafiante pois permitia-me conhecer o campeonato que só tem 10 anos mas que desconheço muito do mesmo, mesmo estando ligado ao setor automóvel.
Para isso, quatro jornalistas de quatro nacionalidades iriam assistir ao grande Prémio de Berlim no antigo aeroporto de Tempelhof e acompanhar toda a jornada de uma corrida.
Mas, para falarmos do presente importa conhecer alguns dados históricos.
A Fórmula E nasceu oficialmente em 2011 num restaurante de Paris, onde, o presidente da FIA Jean Todt e o empresário espanhol Alejandro Agag idealizaram uma série de corridas com automóveis elétricos, daquilo que consideraram podia ser um desporto ecológico mas que incorporasse toda a emoção de um Campeonato do Mundo pois tinham a noção que, num futuro muito próximo iria existir uma indústria totalmente vocacionada para automóveis elétricos, com baterias alimentadas por energias renováveis; onde os dados gerados pelos automóveis serviriam para ter estradas mais seguras e que, no “final do dia”, tivesse um reflexo direto nas viaturas do dia-a-dia.
Para isso, quatro jornalistas de quatro nacionalidades iriam assistir ao grande Prémio de Berlim no antigo aeroporto de Tempelhof e acompanhar toda a jornada de uma corrida.
Mas, para falarmos do presente importa conhecer alguns dados históricos.
A Fórmula E nasceu oficialmente em 2011 num restaurante de Paris, onde, o presidente da FIA Jean Todt e o empresário espanhol Alejandro Agag idealizaram uma série de corridas com automóveis elétricos, daquilo que consideraram podia ser um desporto ecológico mas que incorporasse toda a emoção de um Campeonato do Mundo pois tinham a noção que, num futuro muito próximo iria existir uma indústria totalmente vocacionada para automóveis elétricos, com baterias alimentadas por energias renováveis; onde os dados gerados pelos automóveis serviriam para ter estradas mais seguras e que, no “final do dia”, tivesse um reflexo direto nas viaturas do dia-a-dia.
Nasce assim o campeonato de Fórmula E com viaturas elétricas com umavelocidade máxima de 280 km/h euma potência de 340 cavalos.
Por uma questão de redução de custos e competitividade dentro de pista a quase totalidade dos componentes dos 20 automóveis são iguais, ficando a cargo de cada construtor a unidade motriz, sistema de regeneração, suspensão traseira, gestão do software, provocando assim que, cada uma das marcas investigue e inove!
Em consequência, o campeonato teve ampla adesão de marcas que procuravam a transição para a eletrificação e para empresas de software que viram neste projeto a possibilidade de criarem algo relevante.
Hoje é um campeonato sólido e estável que produziu enormes avanços tecnológicos e desportivos que conta com 373 milhões de fãs em todo mundo, uma média de 35 milhões de espectadores por evento, e perto de 3,5 milhões de seguidores,
Eram, pois, estes os dados de partida para este desafio! Desse modo quis passar o maior tempo possível “na pista” para absorver o máximo da experiência, mas também recolher dados e feedback, para além de assistir às provas.
O evento decorre no desativado aeroporto de Berlim - Tempelhof, num circuito desenhado não em cidade, como os restantes (o que também permite a regeneração de baterias com tantas travagens e curvas), num piso que não foi preparado para automóveis (placas de cimento), mas para aviões e, este ano, redesenhado, com 15 curvas, várias retas e, em sentido anti-horário.
Berlim sempre esteve presente no Campeonato do Mundo e, portanto, as equipas possuem terabytes de dados; mas tudo muda neste novo cenário deimprevisibilidade dos treinos e da corrida de sábado e domingo. Sim, porque a Fórmula E tem duas corridas.
Sexta-feira foi o primeiro dia de treinos livres e, por esse motivo, cheguei cedo ao circuito com o intuito de o conhecer e entrevistar os principais players da Jaguar! A saber, o Staff, a equipa de comunicação, engenheiros e cientistas de dados, o piloto, General manager e team director - Nate Bult, Dr. Kay Jones, Nick Cassidy; Gary Ekerold e James Barclay - respetivamente
A disponibilidade da Jaguar Tcs Racing foi a melhor, sendo de destacar a multiplicidade cultural da equipa mas sobretudo a simpatia e genuinidade.
Dr. Kay focou muito do seu tempo em mostrar a importância do software nos Fórmula E, no ecossistema criado ao seu redor, como a utilização de IA, Big Data, Machine Learning influenciam as dinâmicas de corrida, mas também de inovação no seio da equipa, afinações, simulação do ambiente de pista e estratégia!
Segundo ele a utilização do software permite que o piloto tome melhores decisões e aprenda qual a melhor solução mas deixando também a menção que a tecnologia não resolve tudo e o piloto é essencial, uma vez que a transmissão de dados do carro para as boxes é limitada. Focou-se também nos modelos preditivos e na ciência dos dados que supera a F1 pois aqui, contrariamente muito dos componentes dos 20 carros são iguais em todos os 20 carros e, onde se consegue o tempo extra é na otimização da bateria, recuperação, regeneração e gestão do motor.
Nick Cassidy mostrou a importância do simulador, não somente para redução de custos mas como um meio para encontrar as melhores soluções em pista e criar uma maior aprendizagem para o piloto!
Entre muitos outros temas ficou claro não existir grande diferença do simulador para a realidade, sendo que o novo carro obriga a um aumento do treino físico, da possibilidade de usar tração total em attackmode e da maior potência nas rodas dianteiras!
James Barclay quis deixar claro a importância que a TCS tem na equipa ao dotá-la das competências tecnológicas e de inovação que a Jaguar necessita, dando como exemplo a rapidez com que conseguem projetar uma nova pista para o piloto simular ou então inovar a partir dos dados enviados da pista para a sede de empresa. Os data, digital capability, accuracy, têm sido vitais para o sucesso que a Jaguar tem tido neste campeonato. Fez questão de reforçar a diminuição de custos proveniente da estandardização de componentes em todos os carros, e utilização do simulador que também promove uma melhor tomada de decisão, deixando também a garantia que a Gen AI veio ajudar, tanto na componente desportiva como tecnológica mas que, por si só não é suficiente, pois o fator humano será sempre essencial, onde através de exemplos reais percebemos essa mesma importância.
Gary mencionou que a aerodinâmica está para a F1 como software para a Fórmula E, onde o condutor desempenha um papel enorme pois também tem de fornecer informações à equipa, dado que estão limitados nas comunicações do carro para a pista. Por fim, falou da importância dos pneus que, sendo iguais e somente com um composto, nesta pista em particular, sofrem bastante mais, devido ao "alcatrão" do antigo aeroporto, às placas que o compõem, ondulações, extremamente desgastante e abrasivo, num piso preparado para… aviões.
Sábado amanheceu mais frio mas suficientemente quente para me levar cedo para o circuito! Íamos ter os treinos livres, e à tarde, a corrida.
Já interiorizado de algumas das regras - por exemplo só existe um composto de pneu, os treinos são através de pequenos grupos de pilotos, uma semifinal e final para manter acesa a disputa em pista, onde esta dinâmica permite uma maior espetacularidade para o público que assiste, tanto na pista, como online.
A ideia que são automóveis amorfos, silenciosos e que não asseguram adrenalina é um erro! São corridas entusiasmantes, ainda por cima, porque o “disparo” à saída das curvas é enorme , não é fácil manter na pista tantos cavalos e as forças G para os pilotos são agressivas (0/100km/h em 1,7seg)!
Esta geração do modelo (GEN3) permite também em modo attack ter tração total o que muda a tração e o modo de condução, além de que o sistema de regeneração obriga o piloto a uma força de braços e punhos superior ao carro do ano passado.
Foi interessante por exemplo ver nos treinos que a Mahindra, sem nenhum ponto conquistado este ano surge na pole position! Os Jaguar estão no meio do pelotão, mas, na conversa no grid foi mencionado que as posições não são muito relevantes! Dito de outro modo, não é como começa, mas sim como acaba.
A Jaguar teve o imenso cuidado de nos proporcionar a melhor experiência possível, tanto no dia anterior com a visita à garagem, a possibilidade de interação e entrevistas com os principais players da marca e, hoje, não foi exceção pois voltámos às boxes para ver o pós treino ou pré-corrida! Muito interessante!!!
A Fórmula E possui um espaço reservado ao nível de um hotel 5 estrelas onde se pode assistir ao evento e efetuar as refeições que serve também para networking e para parceiros – Emotional Club!
Após o almoço fomos ver o grid e sentir a emoção do staff, mecânicos, pilotos e convidados na grelha de partida.
A primeira das corridas
A primeira das corridas ocorre logo no sábado à tarde! A Mahindra lidera e existe uma aproximação clara da DS Penske e Porsche. Curiosamente, a DS passa a liderar e posteriormente Félix da Costa com o Porsche galga posições (isto na Fórmula 1 não acontece)! Vários acidentes determinam bandeiras amarelas e a entrada do safety Car! A equipa Jaguar está “partida “ com Evans na 4ª posição mas Cassidy …em último.
E é aqui que desporto automóvel demonstra toda a sua espetacularidade quando vemos Cassidy … ganhar a prova com a DS e Porsche a seguir e Félix da Costa cai para um 6ª posição.
No “final do dia” fiquei a gostar bastante mais da modalidade, compreendo que tudo aqui gira à volta do software, mas depois existe o fator humano que cria estratégias que permitem vencedores improváveis, mantendo uma emoção desde a primeira volta, com inúmeras ultrapassagens e muita gestão das baterias para uma estratégia que, nesta corrida, creio, teve de ser alterada por três vezes, sendo que também na Fórmula E, os dados do carro para a pista e vice versa não são permitidos.
Em dois dias consegui compreender muito da jornada desta modalidade – desde a face visível para o público como os bastidores. Acredito que no futuro vai ter ainda mais impacto e, tal como os promotores que a idealizaram, a transferência de know-how para o automóvel do dia a dia está já a dar frutos. Acredito que o próximo passo, passa pela standardização da tecnologia e inovação gerada por cada marca automóvel para que todos os veículos na estrada comuniquem de modo eficaz e eficiente e sejam o garante de estradas mais seguras.