Damnatio Memoriae
A condenação da memória era uma forma do senado romano desonrar quem tinha trazido descrédito sobre o estado ou traído o povo.
Em Portugal esta condenação deve-se aplicar hoje mais que a indivíduos, a alguns grupos dentro de uma (des)generação.
Em Portugal esta condenação deve-se aplicar hoje mais que a indivíduos, a alguns grupos dentro de uma (des)generação.
Estando o imobiliário em Portugal a captar cada vez mais investimento de estrangeiros, está-se pura e simplesmente a vender o país aos pedaços: na minha casa, este quarto e aquele, sempre os melhores, ficando eu com o dos fundos para dormir antes de servir o pequeno-almoço aos agora co-proprietários.
Não é um modo de vida mas um desenrascanço com vários inconvenientes graves.
Primeiro: é um modelo de desenvolvimento insustentável, já que a terra não se fabrica.
Segundo: diminui a qualidade de vida, expulsando os nacionais para a periferia, condenando-os ao congestionamento de longas horas de tráfego diário e transformando o antes aprazível em blocos de cimento.
Porque vêm os estrangeiros na mesma? Pelo resto. Pelo clima (que não fabricámos). Pela cozinha (que herdámos). Pela (restante) beleza (que a natureza nos deu). E porque é mais barato (p.e. pagar a viagem aos convidados para um casamento em Lisboa do que realizá-lo em Inglaterra, e obrigando os portugueses a fazerem 50/60/70 e mais quilómetros para irem casar no interior).
E esta é talvez a única política “governamental” que até agora beneficiou de facto, na prática, o interior. Sem querer, mas beneficiou.
Voltando ao essencial, vender um país é assim um roubo duplo. À geração actual na qualidade de vida e daí muitos países e cidades terem já introduzido ou estarem a preparar medidas de limitação do número de turistas (Amesterdão, Veneza, partes da Croácia, Tailândia, Austrália, Peru, Islândia e até a Grécia), pelo menos em partes do seu território.
E é às gerações futuras um roubo de propriedade. Daí a Áustria, a Nova Zelândia, a Austrália, o México, o Canadá, etc. imporem travões à venda de casas a estrangeiros com p.e. aumento de impostos, limite de transacções, introdução de autorizações prévias e zonas proibidas.
E este duplo roubo da qualidade de vida às gerações actuais e de propriedade às futuras é feito em troca de quê?
Em 2019, entre 27 países da UE, Portugal foi o 16º em crescimento do PIB (a preços constantes). E a produtividade per capita (todo o tipo de rendimentos por pessoa empregue) tem vindo a diminuir ao longo do tempo. Porque pura e simplesmente não se criam empregos qualificados.
Porquê? Em vez de ética de trabalho “lobbia-se”: em Portugal não há economia de mercado, há economia de lobby. E em termos de ética pessoal, o carácter é substituído pela corrupção (Portugal é no mundo o 33º país em transparência e em 25 anos piorou onze lugares).
Em geral, no lugar do esforço prevalece a subsidio-dependência: o rendimento social de inserção chega quase a um quarto de milhão de portugueses. Sem contar com o resto.
E também há rendimento social de inserção para as empresas: chama-se pedinchice de financiamentos à UE. Em vez da competitividade. Que é um dever. Na luta pela sobrevivência não se ser competitivo é já ser-se culpado (Darwin).
Em síntese, um sistema de subsídio-dependentes: pessoas e empresas. Levando os melhores a emigrar. Fisicamente. Ou (com as novas tecnologias), indo para fora cá dentro.
É que um sistema mau derrota sempre, sempre, uma pessoa boa (W. Deming). E daí o ex-primeiro ministro indigitado Nobre da Costa ter perguntado no Parlamento: o futuro de Portugal é ser empregado de mesa dos electricistas de Birmingham?
E (acrescento eu) no norte subempreiteiro de mão-de-obra barata, com empresas campeãs de salários mínimos?
É este o modelo de desenvolvimento de Portugal?
Até agora, sim. Com as excepções confirmando a regra.
Não é um modo de vida mas um desenrascanço com vários inconvenientes graves.
Primeiro: é um modelo de desenvolvimento insustentável, já que a terra não se fabrica.
Segundo: diminui a qualidade de vida, expulsando os nacionais para a periferia, condenando-os ao congestionamento de longas horas de tráfego diário e transformando o antes aprazível em blocos de cimento.
Porque vêm os estrangeiros na mesma? Pelo resto. Pelo clima (que não fabricámos). Pela cozinha (que herdámos). Pela (restante) beleza (que a natureza nos deu). E porque é mais barato (p.e. pagar a viagem aos convidados para um casamento em Lisboa do que realizá-lo em Inglaterra, e obrigando os portugueses a fazerem 50/60/70 e mais quilómetros para irem casar no interior).
E esta é talvez a única política “governamental” que até agora beneficiou de facto, na prática, o interior. Sem querer, mas beneficiou.
Voltando ao essencial, vender um país é assim um roubo duplo. À geração actual na qualidade de vida e daí muitos países e cidades terem já introduzido ou estarem a preparar medidas de limitação do número de turistas (Amesterdão, Veneza, partes da Croácia, Tailândia, Austrália, Peru, Islândia e até a Grécia), pelo menos em partes do seu território.
E é às gerações futuras um roubo de propriedade. Daí a Áustria, a Nova Zelândia, a Austrália, o México, o Canadá, etc. imporem travões à venda de casas a estrangeiros com p.e. aumento de impostos, limite de transacções, introdução de autorizações prévias e zonas proibidas.
E este duplo roubo da qualidade de vida às gerações actuais e de propriedade às futuras é feito em troca de quê?
Em 2019, entre 27 países da UE, Portugal foi o 16º em crescimento do PIB (a preços constantes). E a produtividade per capita (todo o tipo de rendimentos por pessoa empregue) tem vindo a diminuir ao longo do tempo. Porque pura e simplesmente não se criam empregos qualificados.
Porquê? Em vez de ética de trabalho “lobbia-se”: em Portugal não há economia de mercado, há economia de lobby. E em termos de ética pessoal, o carácter é substituído pela corrupção (Portugal é no mundo o 33º país em transparência e em 25 anos piorou onze lugares).
Em geral, no lugar do esforço prevalece a subsidio-dependência: o rendimento social de inserção chega quase a um quarto de milhão de portugueses. Sem contar com o resto.
E também há rendimento social de inserção para as empresas: chama-se pedinchice de financiamentos à UE. Em vez da competitividade. Que é um dever. Na luta pela sobrevivência não se ser competitivo é já ser-se culpado (Darwin).
Em síntese, um sistema de subsídio-dependentes: pessoas e empresas. Levando os melhores a emigrar. Fisicamente. Ou (com as novas tecnologias), indo para fora cá dentro.
É que um sistema mau derrota sempre, sempre, uma pessoa boa (W. Deming). E daí o ex-primeiro ministro indigitado Nobre da Costa ter perguntado no Parlamento: o futuro de Portugal é ser empregado de mesa dos electricistas de Birmingham?
E (acrescento eu) no norte subempreiteiro de mão-de-obra barata, com empresas campeãs de salários mínimos?
É este o modelo de desenvolvimento de Portugal?
Até agora, sim. Com as excepções confirmando a regra.