“Tenho dúvidas em avançar num caminho mais federal”
“Os partidos políticos têm de propor soluções (para atrair os jovens) e isso não tem acontecido”, afirmou Lídia Pereira, presidente da Juventude do PPE e que através do YEPP – Youth of the European People’s Party representa um milhão de jovens europeus, durante o mais recente debate do International Club of Portugal (ICPT). Confessou ter hoje “mais dúvidas em avançar num caminho mais federal”. E acrescentou que temos os resultados “de decisões em cima do joelho”.
É urgente ligar a juventude “à política”, afirmou a dirigente, que desafiou os partidos políticos “que tardam em adaptar-se”. Começou por relembrar os episódios históricos de adesão de Portugal à UE em 1986 e lembrar que na primeira eleição para o Parlamento Europeu votaram 70% dos eleitores portugueses e nas últimas eleições registou-se 70% de abstenção dos eleitores nacionais.
Para contextualizar as suas ideias, Lídia Pereira lembrou que a crise financeira de 2008/2009 “abriu feridas (…), “com a crítica generalizada de que a UE “não é eficaz”. E acrescentou que existe “uma incapacidade de resposta”, com a “política a decidir de forma fragmentada”. E no rescaldo da crise financeira e migratória surge o populismo que “acorda fantasmas do passado” e o autoritarismo, frisa a dirigente política. Em simultâneo, a Europa torna-se impopular, um cenário agravado pelo fenómeno da globalização que cria uma “nova riqueza assimétrica”.
Lídia Pereira constata “a ausência de discussão sobre o futuro de Portugal”, o que contrasta com aquilo que acontece em outros países europeus, e, por isso, defende uma campanha junto dos jovens a favor da política e do voto. E alertou para o “modus operandi” dos partidos populistas, como o Vox, que nasceu de militantes do Partido Popular. Frisou que o Vox tem presença ativa nas redes sociais e revolucionou a comunicação, com mensagens simples.
No ICPT a dirigente política defendeu uma Europa humanista e com novos tipos de trabalho e lembrou um estudo recente da CIP a alertar para o desaparecimento de 1,1 milhões de empregos em Portugal nas próximas décadas. A automação e a inteligência artificial estão a revolucionar os conceitos de trabalho e as economias avançadas estão em estagnação, enquanto as políticas sociais deverão ser capazes de “capturar a destruição que a mudança implica”. O contrário diz, “passa pelo aumento dos infoexcluídos. Lídia Pereira diz que a educação é muito importante, mas em Portugal “discute-se a eliminação das propinas”.
Um outro tema forte desta dirigente do YEPP/PPE é a questão das alterações climáticas. Diz não existir “plano B” e devendo-se discutir a economia circular, e sublinha que as alterações climáticas é tema da juventude. E sobre a justiça intergeracional frisa que os “millennials” vão viver pior do que a geração dos pais, nomeadamente com a incerteza das pensões.
Dúvidas no federalismo
Lídia Pereira afirma ter hoje mais dificuldade em avançar no caminho do federalismo. Sublinha que é “impossível avançar na UE com unanimidade” dos 27 Estrados-membros.
Lembrou que Bruxelas pagou por todos os cortes de pensões e salários que foram feitos durante o período de ajustamento e de intervenção da “troika” e, por isso, “é preciso reconquistar as pessoas”. Sublinha que sem UE não estaríamos melhor do que estamos, mas alerta para “a precipitação em fazer-se coisas”. E reforça a ideia de que os partidos políticos precisam de um “refresh”, têm de se abrir à sociedade e lembrou que o PSD está com o Conselho de Estratégia e com a Iniciativa 4.0 para alterar a perspetiva dos cidadãos perante a política. Criticou o facto de o país continuar com o modelo eleitoral dos círculos uninominais que dificultam o objetivo dos cidadãos, que querem, por si só, afirmarem-se politicamente “e não conseguem”. Concluiu que os partidos políticos “têm um longo percurso a percorrer”.