Falta de interesse dos herdeiros
Fundar, desenvolver e dar continuidade a em negócio é o desejo natural de qualquer líder de uma empresa.
No caso de se tratar de uma empresa familiar, ainda mais significativa é esta preocupação. Para além de se pretender assegurar o bom governo da organização, também se pretende assegurar a manutenção ou, idealmente, o crescimento do património que se foi construindo com muito esforço.
Esta passagem de testemunho, em especial o patrimonial, é expectável que se processe para os descendentes e naturais herdeiros, algo que acontecerá se nenhuma ação contrária for desenvolvida.
Neste contexto, uma grande preocupação deverá focar-se nestes sucessores, pois somente se forem devidamente preparados e motivados para assumirem um ou vários dos possíveis papéis, acionistas, trabalhadores ou gestores, é que poderão corresponder às expetativas de todas as partes interessadas.
A Galucho é provavelmente a maior fabricante portuguesa de material de preparação, trabalho do solo e movimentação de produtos agrícolas. Fundada em 1920, passou a ser liderada pelos cinco irmãos em 1967, após a morte do pai. Essencialmente a partir da década de oitenta, a terceira geração começa a ser uma grande dinamizadora da empresa, em especial por parte dos sobrinhos de João Justino que, por divergências com os irmãos abandona a empresa por essa altura, mantendo-se como acionista. Em 2006, após aquisição de ações de irmãos que lhe garantem uma maioria de capital, João Justino regressa e passa a intervir na gestão, alterando o rumo que tinha sido implementados nos últimos 25 anos de sua ausência. Numa entrevista à revista “Exame” (nº 312 de abril de 2010), este gestor salientava que nem o seu filho nem os seus netos manifestam particular interesse em seguir as suas pisadas. Esta situação colocam-no numa posição de “não saber o que fazer”, estando a tentar encontrar uma solução rodeando-se de “gestores jovens e com potencial” Com um grande historial de evolução e internacionalização, certamente que esta quase centenária empresa irá encontrar uma via de manter a sua posição de liderança e crescimento, contribuindo para a política de reindustrialização de Portugal. |
Temas para reflexão:
• Que exemplos damos aos nossos filhos do que é trabalhar no negócio familiar?
• Passar 15 h/dia 6 ou 7 dias por semana na empresa cativá-los-á?
• O que fazemos para envolver os herdeiros no negócio?
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.es
Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
Santiago – Porto www.efconsulting.pt